No dia 31 acordei bem cedo com o acender das luzes. 
Só tive direito a 1 hora de visita e o resto do tempo ali fiquei, com o colarinho no pescoço a olhar para o vazio e a ouvir os barulhos à minha volta.

A dada altura vieram ter comigo dizendo que teria que ser submetida a uma cirurgia e que me iam transferir para o serviço de ortopedia.
Nesse momento chorei com medo e pânico do que me esperava.

No serviço de ortopedia fiquei num quarto com três senhoras, sendo que uma delas se revelou uma excelente companhia.

Passei os seguintes dias deitada à espera de novidades. Nesses dias estive sempre deitada, fiz tudo deitada, tudo sempre na mesma posição.

Na sexta-feira, dia 2 de novembro, chegou a notícia que afinal não teria que ser submetida a cirurgia. A minha fratura resolver-se-ia com tratamento conservador, isto é, teria que usar um colete e colar cervical.

Depois da correria para tentar encontrar um equipamento do meu tamanho, foi altura de o colocar e experimentar sair da cama.
Foi a pior experiência da minha vida. Depois de ter estado praticamente quatro dias deitada, o corpo parecia gelatina e assim que me sentei na cama senti tudo a fugir e a andar à roda.
Quando as tonturas aparentemente acalmaram levantei-me e...não me lembro de mais nada.
Acordei - ao que parece pouco tempo depois - deitada na cama aos solavancos, em pânico, a sufocar e sem me lembrar de nada.
O primeiro desmaio foi uma experiência aterradora e em tudo semelhante ao que senti após o acidente, pelo que deduzo que também perdi os sentidos neste momento.

Escusado será dizer que a partir desse dia o medo apoderou-se de mim e o desejo de voltar para casa começou a desvanecer-se e eu comecei a entregar-me ao problema.

Porém, no dia seguinte, um enfermeiro caído do céu fez o impensável e conseguiu não só que eu me levantasse sem tonturas como conseguiu que desse os primeiros passos.
Palavras não existem para agradecer a esse enfermeiro que tanto me ajudou (e ajuda!).

Nos dias seguintes e até ter alta (terça-feira) tive altos e baixos. Momentos em que estava muito contente e animada e outros em que a revolta e o medo se apoderavam de mim.

Nunca em momento algum tive mais de 5 minutos de conversa com os médicos que acompanhavam o meu caso. A única conversa que tive foi aquela em que me informaram ser um milagre estar com vida e que a minha fratura é conhecida como a "fratura do enforcado".

Para compensar, todos os enfermeiros que passaram pelo serviço de ortopedia foram incansáveis nos cuidados, na atenção e no apoio prestado.
Também as auxiliares o foram, sendo de destacar todo o carinho que senti ao longo dessa semana.

Na terça-feira, dia 6 de novembro, foi o dia da alta...

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