Viver com o SOMI

Esqueçam tudo o que (acham que) sabem fazer.
Esqueçam lavar os dentes da maneira que lavam todos os dias.
Esqueçam a forma como se sentam na sanita todos os dias.
Esqueçam a forma como abrem uma gaveta para procurar qualquer coisa lá dentro.
Esqueçam a forma como comem.
Esqueçam TUDO!

Quando usam um colete SOMI deve ser este o "procedimento". O colete é desconfortável e restringe os nossos movimentos - até os mais simples! - ao máximo.


Imagem retirada da Internet
O colete é o da imagem e visa imobilizar por completo a cabeça através dos apoios na zona occipital e mandibular de forma a que seja impossível, por exemplo, chegar com o queixo ao peito ou com as orelhas aos ombros.

O queixo assenta naquele pedaço do aparelho que, embora revestido com tecido, ao fim de um tempo provoca abrasão.

O colete é para usar durante todo o dia e durante, pelo menos, 3 meses.

Sim, não consigo tomar banho.
Sim, vou estar 3 meses sem o fazer.

E? Na situação em que estou esse é o menor dos meus problemas. 
E para ser franca o cabelo não está assim tão mau e o resto do corpo vou lavando como posso.

Dormir também não é uma tarefa fácil. Aliás, pela primeira vez em 27 anos posso dizer que não tenho vontade nenhuma de dormir. Tenho sono, sim, mas dormir não me dá prazer nenhum.
Na cama a posição é apenas uma: de costas. Assim, e porque a cabeça está suportada pelo SOMI, a meio da noite acordo com a mesma completamente dormente bem assim como com os ombros tensos e cheios de contraturas.
Preciso de ajuda para me levantar porque isso implica deitar-me toda de lado e erguer-me na lateral só com a força do braço.
Acabo por dormir o resto da noite no cadeirão reclinável porque não fico completamente deitada e assim não faço pressão na cabeça.

O que é certo é que quando acordo estou como estava quando me deitei: cansada.

Demoro uma eternidade a comer.
O prato tem que ser colocado bem longe de mim de forma a conseguir ver o que estou a fazer porque não posso olhar para baixo.
É frequente deixar cair comida porque o garfo é que vai à boca e não o contrário.

No entanto, e no meio de tudo, a minha única preocupação é ficar curada e apta a viver a minha vida com normalidade.

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